As médicas Gisela Calado, Ana Castro Neves e Anna Sokolova (da esquerda para a direita) integram a Unidade de Imunoalergologia do HFF.

Assinalou-se recentemente o Dia Mundial da Alergia, uma iniciativa conjunta da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da World Allergy Organization – Organização Mundial da Alergia, uma data que foi instituída para alertar a população à escala global para uma das doenças mais comuns do mundo, que pode manifestar-se com sintomas ligeiros ou moderados, mas, em casos extremos, levar à morte, em consequência da sensibilidade anormal da pessoa alérgica.

As alergias são reações exageradas do organismo – do sistema imunitário – à exposição a determinados estímulos existentes no ambiente que, para a maioria das pessoas, são perfeitamente inofensivos.

Esses estímulos denominam-se alergénios, e podem ser o pó, o pólen, medicamentos, ou alimentos, como o leite (a sua proteína), marisco ou frutos secos, por exemplo. Quando é detetada a presença desse elemento alergénio, o sistema imunitário interpreta-o como um “invasor” e desencadeia um processo de inflamação que pode ir desde uma breve irritação na pele, até a um potencialmente fatal “choque anafilático”.

A alergia é, assim, uma resposta “anómala” do nosso sistema imunitário, já que a sua função é manter a pessoa saudável, combatendo patógenos nocivos para a saúde.

Por exemplo, quando o sistema imunitário se depara com um sofá onde esteve um animal de estimação deveria avaliar esse estímulo como inofensivo. No entanto, em pessoas com alergia aos pelos de determinados animais, o sistema imunológico avalia aquela presença como uma ameaça ao corpo e ataca, levando à resposta inflamatória – dependendo se a alergia é na pele ou respiratória (ou ambas), a mesma vai depois manifestar-se.

Em Portugal, e de acordo com a Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica, estima-se que as alergias afetem uma em cada três portugueses.

Já a OMS apura que existam 300 milhões no globo a sofrer de asma, 250 milhões com alguma alergia alimentar, 400 milhões com rinite e 25% da população do mundo a ter desenvolvido alguma alergia a algum fármaco. De facto, as alergias atingem indivíduos em todas as faixas etárias da população, de todos os estratos sociais, comprometendo de forma significativa a qualidade de vida da população. 

Ainda de acordo com a OMS, a prevalência de doenças alérgicas está a aumentar em todo o mundo, tal como a sua complexidade e a gravidade, especialmente entre crianças, idosos, imunosuprimidos e portadores de doenças crónicas.

O choque anafilático, ou anafilaxia é a forma mais extrema e grave de reação alérgica. A reação é desencadeada em poucos minutos após o contacto com o elemento alergénico, sendo os mais frequentes a penicilina, a picada de abelha ou vespa, ou o contacto com borracha (látex).

Os sintomas frequentes são inchaço, calor, urticária, espirros, falta de ar, baixa da pressão arterial, sensação de vómito, náusea e desmaio.

A pessoa que teve uma reação anafilática deve procurar acompanhamento médico urgente junto de especialista de Imunoalergologia para perceber, através de análises, e meios complementares de diagnóstico, o que terá desencadeado essa reação extrema e, depois de identificada a causa, iniciar terapêutica e facultar medicação que deve ser de imediato iniciada ao primeiro sinal de anafilaxia.

As pessoas com diagnóstico de anafilaxia devem ter sempre na sua posse a medicação que é necessária para a abordagem de uma crise: uma caneta de adrenalina, para autoadministração. O choque anafilático é uma condição com risco de vida, que apesar de todos os cuidados da pessoa alérgica pode ser facilmente desencadeado, por exemplo, num jantar com amigos, por negligência de um empregado de mesa ou cozinheiro.

Se estiver a acompanhar alguém que enfrente um quadro de anafilaxia, ligue de imediato 112, pois é necessária ajuda médica emergente.

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