“Nunca pensei estar a viver na rua”. O desabafo é de Maria de Lurdes, de 77 anos, que vive com os dois filhos, Luís de 41 e Paulo de 45, numa espécie de ‘barraco’ improvisado, construído com sacos de plástico, na Volta do Duche em Sintra, enquanto aguardam por uma decisão sobre o seu futuro.
Maria de Lurdes e os seus dois filhos, maiores de idade mas a necessitar de apoio especializado, vivem na rua, deste o dia 1 de outubro de 2020.  Mais recentemente, montaram com sacos de plástico, um ‘barraco’ sem segurança ou condições de higiene básica, num pequeno espaço junto ao muro, na Volta do Duche em Sintra, com vista para o Museu Anjos Teixeira.


Segundo a família, o seu caso está já sinalizado pelas instituições, “mas é preciso esperar por uma decisão”, que tarda. Dizem ser vítimas de uma “ordem de despejo” do senhorio que há cerca de dois anos, reclamou a posse da casa que lhes tinha sido alugada, na Praceta das Palmeiras, na Serra das Minas.
Segundo Luís, que se encontrava sozinho quando contactado pelo CORREIO DE SINTRA, “o senhorio que nem recibos passava, tinha dívidas e essa foi a razão porque fomos despejados. Disseram, ou saem a bem ou saem a mal e tivemos mesmo que sair, em outubro de 2020”. A família foi despejada, sem serem dadas alternativas.
Desde então têm vivido na rua e onde calha e em fevereiro deste ano, numa ‘barraca’ improvisada a sacos plásticos, na Volta do Duche. Dizem ter sido contactados por algumas instituições mas não sabem quem, garantindo que as autoridades já estão ao corrente do seu caso. “Sabem de nós, mas ainda não sabemos como nos podem ajudar”. E, sobrevivem da caridade. “Alguns restaurantes dão comida, mas o problema mesmo é comprar os comprimidos”, que têm que ser pagos a dinheiro, refere Maria de Lourdes, que dispõe de uma pequena reforma.


“Temos tido a ajuda de muita gente para comer e nem sei como agradecer”, refere com alguma emoção. “Se não fosse a chuva, até aguentávamos estar aqui”, refere com emoção esta mãe que ainda não perdeu a esperança de dias melhores, para si e para os seus filhos que  precisam de apoio. “Tenho frio e medo e só queria mesmo voltar a casa para ir buscar as nossas coisas e começar de novo”.

O CORREIO DE SINTRA, não conseguiu em tempo útil, questionar as instituições de apoio a esta família, nem tão pouco ouvir o advogado que dizem ter e “estar a tratar do caso”. Maria de Lurdes e os filhos, desesperam por uma decisão que tarda, para voltarem a viver.

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