Rui Beato é professor Bibliotecário do Agrupamento de Escolas do Alto do Moinho, na Terrugem, responsável pela gestão das atividades do 1º. ciclo e dos Jardins de Infância. Apaixonado pelo ensino e por literatura infantil, quer incutir os hábitos de leitura, que deram lugar aos telemóveis, jogos de consola e computador.
Contador de histórias, autor e teatreiro e ‘brincador de palavras e projetista de sonhos’, Rui Beato não começa as suas ‘histórias de motivação’ por “Era uma vez” mas por “Eram Tantas Vezes” com o objetivo de atrair as crianças e jovens, para a importância da leitura. “Faço aquilo que amo, que é trabalhar com crianças”, refere Rui Beato, que chegou a lecionar durante dois anos Educação Física e como não conseguia arranjar colocação, “fui parar ao 1º ciclo e a este Agrupamento de Escolas” como professor titular. “Comecei a inventar histórias para os meus alunos, de todos os conteúdos pedagógicos, como Matemática, Português, Estudo do Meio, História e levava sempre um livro novo para a sala de aula [algo motivador para aquele dia] e os miúdos adoravam”.


A partir daí foi criado o projeto pessoal, ‘Eram Tantas Vezes’ com o objetivo de contar histórias, sessões de ‘contos do mundo’, recriadas “de uma forma muito teatral”, não só no concelho como no país, em lares de idosos a jardins de infância, bibliotecas, festas, associações, e escolas.
Apaixonado pelo ensino e pela literatura infantil, Rui Beato não esconde a sua paixão pela arte, em particular pelo teatro e pela dança. “Gostava de ter sido bailarino, mas não fui” porque naquele tempo, era coisa “afeminada”. Tirou uma pós-graduação em literatura infantil, na Universidade Católica e várias formações em teatro “e assim nasceu o projeto como contador de histórias, que alia todas a minhas ações de formação, o teatro, a poesia, a dança, a narração”, explica. O sucesso da iniciativa que pretende despertar o interesse das crianças e jovens para o mundo dos livros, ganhou visibilidade e sucesso.
Quando é solicitado para ir às escolas para falar de alguns dos seus quatro livros, “Há Dias Cinzentos”; (Rui Beato / David Silva); “Do Pouco o Muito”, (Rui Beato / Susana Rodrigues Falcão); “Mu Danças a Vaca Dançarina” (Rui Beato / Pedro Augusto) e “A Saudade”, (Rui Beato / Silva Nuno), o professor transporta consigo um conjunto de sons, imagens e instrumentos musicais e marionetas na sua mala, para atrair a atenção das crianças. “Gosto de apresentar os meus livros de uma forma artística, ou seja, levo sempre algo que transcenda o livro, – um espetáculo associado, um video, uma música, uma atividade, –  para que nunca mais se esqueçam daquela aula. Para mim, faz todo o sentido, ensinar com emoção”, conta.
“A minha aposta e esperança está muito centrada no 1.º ciclo, porque para os outros [alunos de outras fachas etárias] acho que já perdi a batalha [da leitura] para os telemóveis, tablets e consolas”, refere com alguma preocupação, Rui Beato, acrescentando que “as crianças são assoberbadas por informação através do telemóvel e das redes sociais”.
Pensativo, “se quisermos, todos os livros podem ser livros superstar, se lhe dermos um sentido. E o papel dos professores e bibliotecários, é  tentar  cativar as crianças para algo importante daquele livro, – uma curiosidade, uma atividade, uma frase – e o livro já não fica esquecido numa prateleira. Assim se transforma um livro, num ‘livro superstar’ e desperta o interesse das crianças para a leitura”.

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