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O corte de arvoredo no Parque Natural Sintra-Cascais, entre Almoçageme e a Azoia, resultou em “661 podas e 480 abates de árvores, dos quais 183” de “espécies exóticas invasoras”, informou a Infraestruturas de Portugal (IP), mas ambientalistas contestam esta intervenção.
Um grupo de cidadãos, organizações, movimentos e ONGA, quer explicações do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas sobre o abate de árvores, incluindo “pinheiros centenários e eucaliptos de idade considerável”, no Parque Natural Sintra-Cascais, ação levada a cabo pela Infraestruturas de Portugal (IP), que terminou na passada sexta-feira, 12 de janeiro o “corte de 1400 árvores” na Estrada Regional 247, em pleno Parque Natural da Serra de Sintra e Cascais.
Os moradores, em comunicado enviado ao CORREIO DE SINTRA querem impedir novos cortes. “Foram dois quilómetros de cortes, entre Sintra e o Cabo da Roca, um trabalho feito a toda a velocidade, os trabalhadores nem pararam para almoço”, conta Susana Félix, do Grupo dos Amigos das Árvores de Sintra que contesta o abate de árvores no Parque Natural Sintra Cascais (PNSC).
”Indignação e incompreensão face ao que consideramos ser um grave atentado ambiental e paisagístico dentro do Parque Natural Sintra Cascais, o abate massivo e indiscriminado de árvores ao longo da ER247 entre os quilómetros 71,960 e 87,480”, refere o grupo de Cidadãos, acrescentando que a intervenção “apanhou desprevenidos os moradores e proprietários, assim como todos aqueles que reconhecem como incalculável o valor paisagístico e ambiental do local e que verificaram com estupefação o elevado nível destrutivo da mesma”.
A IP, em comunicado informou que a intervenção de abate e poda de árvores executada no troço da ER247, na União das Freguesias de Sintra e freguesia de Colares, “constituiu a última fase dos trabalhos iniciados há cerca de dois anos, e teve como principal objetivo a execução das faixas de gestão de combustível”, de modo “a assegurar condições de circulação em segurança para pessoas e bens nas estradas” sob a sua gestão direta.
A intervenção realizada faseadamente, “ao longo dos últimos dois anos, compreendeu no total a execução de 661 podas e 480 abates de árvores, dos quais 183 correspondem a exemplares de espécies exóticas invasoras”, avançou a entidade gestora da rede rodoviária. A tipologia das intervenções foi, em termos genéricos, a “poda de plátanos ao longo do percurso entre Sintra, Colares e Pé da Serra, com vista à melhoria das condições de segurança e circulação rodoviária e pedonal na ER247”, e “limpezas, abates e desramações no percurso entre o Pé da Serra e o Cabo da Roca”, igualmente para “cumprimento dos critérios especiais definidos para a área do Parque Natural Sintra-Cascais no Plano de Defesa da Floresta Contra Incêndios do Município de Sintra”.
Segundo a IP, tendo em conta o objetivo dos abates, no âmbito da gestão integrada de fogos rurais, a remoção de invasoras “e desbaste para afastamento de copas” e “o facto de a maior parte das espécies em causa serem eucaliptos, pinheiros-bravos e exóticas invasoras”, não se aplica o conceito de compensação, pois são medidas que visam a melhoria e a proteção do espaço florestal.
A empresa referiu que as atividades de poda e abate de árvores “são sempre precedidas de avaliação técnica da especialidade para determinação das necessidades de intervenção” e que, neste caso, “dado tratar-se de uma zona protegida, foi obtida a autorização prévia por parte do ICNF [Instituto de Conservação da Natureza e Florestas] e comunicada à Câmara Municipal de Sintra”.
Os subscritores, entre os quais o Grupo de Amigos das Árvores de Sintra (GAAS), ADN Ambiente, Fórum Cidadania Lisboa, Grupo Ecológico de Cascais (GEC), GEOTA, QSintra, Plataforma em Defesa das Arvores e Sintra sem Herbicidas, apelam às “entidades para o cabal esclarecimento” da situação, que ultrapassa a zona de Sintra e fez saber que “enviar cartas para várias entidades oficiais” e preparar ações com outras organizações.