A dona Elvira fez 104 anos, o dia 22 janeiro, data comemorada, no Centro de Dia de Igreja Paroquial de São João das Lampas, na presença da família, amigos e dos colaboradores do lar.
Nasceu em 1920, na Assafora, mas viveu e trabalhou toda a sua vida em Santa Susana, para “servir” na casa de uma família da terra. “Era como se fosse da família”, refere a dona Elvira, sempre bem disposta, com muito sentido de humor, e “orgulho” muito grande na sua família.
Pensativa, “parece que não tenho 104 anos, mas a verdade é que estão cá dentro” refere esta avó “divertida e reinadia” ao Correio de Sintra. “Procuro estar sempre bem disposta, porque tristezas não pagam dívidas”, refere a dona Elvira, recordando as brincadeiras com os seus netos, bisnetos e trinetos que “guarda no coração para sempre”, diz com emoção.
“A vida foi a trabalhar em casa e no campo, a acartar lenha às costas, a tratar dos animais. Fui muito duro. “Sabe gostava muito de dançar, mas agora as pernas já não me deixam dar um pézinho de dança. Mesmo assim, no dia dos meus anos, andaram comigo a bailar pelo ar, porqe já que não posso andar. Gostei muito”, diz a sorrir.
Ficou viúva ainda muito jovem, mas refez a sua vida. Tem dois filhos, uma rapaz e uma rapariga, que resultaram em muitos netos, bisnetos e trinetos. É a referência da família. “Todos dizem que tenho bom feitio, mas acho que não”, refere com uma gargalhada. Mais recentemente, teve uma enorme surpresa porque foi madrinha de casamento dos seus bisnetos: “Apanhei um susto dos grandes, no próprio dia, porque nem eu nem os convidados estavam a contar”.
Frequentar o Centro de Dia, foi uma decisão pessoal e não está nada arrependida. “Estar sózinha em casa, era uma tristeza e ver televisão não é para si. “Só gosto do gordo e mais nada. O Fernando Mendes (Preço Certo da RTP) é muito divertido e engraçado. Tem uma boa folha de serviço! (ri) e está sempre bem disposto e a brincar! Não há ninguém como ele”, confidencia.
“Deitar cedo e cedo erguer”, respeitar as horas das refeições e manter a boa disposição, são o seu “segredo” para se manter em forma. E já está a pensar em acompanhar as festas da terra, em agosto. “Gostava de acompanhar a visita da padroeira a todas as aldeias da freguesia”. Depois de uma pausa, como que para ganhar fôlego, “tenho saúde e graças a Deus, sou uma pessoa feliz”.
