O ritual repete-se todos os anos durante o mês de outubro: o movimento “Outubro Rosa” (originalmente “Pink October”) pinta o mundo de esperança. O cor-de-rosa, pigmento identificado tradicionalmente com o universo feminino, sai para as ruas e neste mês de outono há laços rosa espalhados um pouco por todo o lado com o intuito de inspirar a mudança e mobilizar a sociedade para a luta contra o cancro da mama.
Nascido na década de 1990, nos EUA, o movimento derrubou fronteiras e uniu culturas em torno de uma das maiores ameaças de saúde pública para as mulheres: o cancro da mama é o tipo de cancro mais comum entre as mulheres (não considerando o cancro da pele) e corresponde à segunda causa de morte por cancro. Em Portugal, anualmente são detetados cerca
de sete mil novos casos e morrem 1500 mulheres. São as nossas mães, irmãs, mulheres – pode até ser você que está a ler estas linhas. Aliás, as probabilidades são uma roleta russa: uma em cada oito mulheres vai desenvolver cancro da mama durante a vida.
Daí a importância sempre atual deste mês de sensibilização. Enquanto não são descobertas pela ciência as causas exatas do cancro da mama e um tratamento eficaz para todas as suas variantes, importa que todas as
mulheres tenham a noção que, se diagnosticado e tratado precocemente, o cancro da mama tem uma taxa de cura superior a 90 por cento. Por isso, outubro é o mês em que o “HFF Perto de si” vai sempre reforçar a necessidade de prevenção e diagnóstico precoce. O maior fator de risco para o cancro da mama é a idade: mais de 80 por cento de todos os tipos de cancro da mama ocorre em mulheres com mais de 50 anos. É a partir desta idade que pode participar no Programa de
Rastreio gratuito ao Cancro da Mama, uma iniciativa promovida pela Liga Portuguesa Contra o Cancro, bastando para tal visitar o website www.ligacontracancro.pt e inscrever-se, através do formulário disponível.
Essencial é também a realização regular do autoexame à mama. Sem vergonhas ou tabus, este é um gesto que demora apenas cinco minutos e deve ser um compromisso mensal na agenda. Caso seja menstruada, a mulher deve fazer esta palpação sete dias após a menstruação. Se já se encontra na menopausa, o ideal é marcar sempre o mesmo dia do mês e
repetir a rotina sem falhar o calendário.
O autoexame da mama divide-se em duas partes. A primeira é de observação. Colocando-se em frente a um espelho, a mulher observa as suas mamas e procura sinais como assimetria excessiva, vermelhidão, líquido no mamilo, ou pele tipo casca de laranja. A segunda parte do autoexame consiste na palpação da mama. A posição mais comum é de pé, colocando uma mão na nuca. Com a outra mão, a mulher percorre a mama no sentido dos ponteiros do relógio, de fora para dentro, não esquecendo o mamilo e a axila. Depois, é só repetir na outra mama.
Se detetar algum dos sinais acima descritos ou algo de estranho, deve de imediato consultar o seu médico. Mesmo que não detete nada, deve visitar regularmente um ginecologista ou o seu médico de família. O autoexame da mama não substitui este acompanhamento regular da saúde feminina e dos cuidados de saúde primários.
Lembramos ainda que autoexame da mama também pode ser realizado pelo homem, uma vez que 1% de todos os diagnósticos de cancro da mama acontecem no sexo masculino.