A família cresceu. Depois de nove longos meses de espera, ansiedade e peripécias próprias da gravidez, o bebé nasceu saudável. A mãe superou-se durante o parto, o pai esteve sempre ao seu lado, e agora, os três estão juntos já no quarto do Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca (HFF), partilhando fotografias com os amigos através das redes sociais, rebentando de orgulho, felicidade, mas, também, muito cansaço.

À porta do HFF, todos querem uma senha de visita para conhecer o bebé: os avós já se imaginam a estragar de mimos o netinho, mas já há discussão sobre se é parecido com a mãe, ou se puxa mais ao pai. Os familiares trazem uma pilha de presentes entre peluches, roupinhas, botinhas, gorros e mantas tricotadas por todas as tias e bisavós e o pai quando chega cá abaixo nem sabe como vai levar aquilo tudo para casa.

O nascimento de um bebé – seja ele o primeiro, o segundo, ou no seio de uma família numerosa – é sempre um período muito exigente e emocionalmente avassalador.

Assim, as visitas ao bebé durante o seu primeiro mês de vida devem ser “visitas de médico”, ou seja: muito rápidas! De preferência só devem ser permitidas aos familiares e amigos muito chegados. E não pode haver surpresas – estas visitas têm de ser sempre combinadas.

Isto porque depois de nove meses a gerar uma vida, o mês de puerpério da mulher é de grande transformação hormonal e do seu corpo. Trata-se de uma autêntica “revolução”, que não deve ter a pressão social adicional das visitas ao bebé em casa.

Nesse mês, os dias da recém mãe esfumam-se em ciclos pura exaustão: de três em três as mamadas do bebé, intercaladas por mudas de fraldas, choros, canções de embalar e todas dúvidas que surgem. Depois as dificuldades, em processos tão naturais como o da amamentação e a subida de leite, ou em tarefas do quotidiano que se tornam hercúleas quando há um bebé recém-nascido em casa. Coisas como tomar banho, cozinhar, lavar os pratos, ir às compras, lavar e estender a roupa (e quem diria que um recém-nascido conseguiria sujar-se tanto?) e, se houver irmãos mais velhos, brincar e prestar-lhe igualmente cuidados.

Sabemos todos que há muita vontade de família e amigos estarem presentes neste momento único e irrepetível, mas a limitação de visitas do bebé no primeiro mês protege a saúde do recém-nascido e a saúde mental da recém-mamã.

Beijar, tocar, respirar perto do bebé, ou deixar que outras crianças pequenas estejam muito próximas do recém-nascido são comportamentos proibidos quando se visita um recém-nascido. Podem gerar infeções muito graves, como as infeções respiratórias, muito comuns no inverno, e que, num recém-nascido podem ter consequências devastadoras, incluindo a morte, e obrigar a terapias invasivas, como a ventilação mecânica.

O reforço das medidas de higiene na visita ao bebé é essencial. Lavar sempre as mãos e utilizar solução de álcool gel é aconselhável. Se alguma das visitas estiver com algum sintoma de doença, seja ela qual for, deve cancelar e adiar a sua visita para quando estiver totalmente restabelecido.

Outra das regras de “ouro” das visitas ao bebé é nunca acordar o recém-nascido – o seu sono é sagrado. Além disso, estão igualmente proibidos os “palpites”, como o habitual mito do “leite fraco”. Tal coisa não existe. Conselhos inconvenientes sobre parentalidade, ou sobre o estado da arrumação da casa estão igualmente vedados. Pelo invés, ofereça ajuda para arrumar ou para tomar conta dos irmãos mais velhos. Será uma preciosa ajuda!

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