Autodidata e apaixonado pela sua terra, Guilhermino Dias é um homem de Sintra que encontrou na pintura o seu modo de expressão. Empresário das artes gráficas, durante toda a sua vida, divide agora o seu tempo de reforma a pintar com alma os mais diversos motivos, no concelho que tanto ama.
“Não sei bem como é que isto começou”, confessa com um sorriso. “Às vezes até fico admirado comigo próprio: como é que consegui fazer isto assim?”. A sua ligação à pintura nasceu cedo. “Fiz a minha primeira pintura em 1963, na taberna do meu pai. Foi o meu primeiro quadro”, recorda com emoção. “Parece que não saiu mal, porque as pessoas gostaram e ainda o guardo comigo.”
(…) “Às vezes até fico admirado comigo próprio: como é que consegui fazer isto assim?” — Guilhermino Dias

Durante 40 anos, Guilhermino Dias deixou os pincéis de lado. Criou uma empresa de artes gráficas em Sintra, onde trabalhou até à idade da reforma, mas nunca perdeu o gosto pelas cores e pelas formas. “Aprendi sozinho, a corrigir erros, a experimentar novas técnicas. Aos poucos, fui aperfeiçoando a minha maneira de ver e pintar o que me rodeia.”
Entre as suas obras destaca-se o retrato do toureiro Manuel Conde, que o artista recorda com orgulho. Mas é sobretudo nas paisagens de Sintra, como o Palácio da Vila, o Castelo dos Mouros, Monserrate, a Regaleira, as charretes e o eléctrico, que encontra o seu refúgio criativo. “Olho para as imagens e pinto à minha maneira, com as minhas cores e o meu gosto. Às vezes vou mesmo ao local, como aconteceu com a Igreja de Santa Eufémia ou a Lagoa Azul.”
(…) “Às vezes, quando acordo e vejo o que pintei, penso: como é que o quadro está hoje mais bonito do que ontem? Parece que durante a noite as cores se combinam sozinhas” — Guilhermino Dias

A reforma trouxe-lhe tempo e serenidade. “Voltei à pintura e fui à internet tirar dúvidas. As pessoas dizem-me que estou cada vez melhor”, conta entre risos. “Às vezes, quando acordo e vejo o que pintei, penso: como é que o quadro está hoje mais bonito do que ontem? Parece que durante a noite as cores se combinam sozinhas.”
Hoje, com 81 anos, Guilhermino Dias já soma mais de 40 quadros concluídos. E continua a pintar. Trabalha com tintas e vernizes de qualidade, apreciando o brilho que realça os detalhes. “Misturo as cores umas sobre as outras e o resultado é formidável”, diz. “Antes de começar, penso muito se consigo ou não fazer! Depois decido e pinto.”
(…) “Antes de começar, penso muito se consigo ou não fazer! Depois decido e pinto”

Há obras que exigem mais tempo e paciência. “O quadro de Monserrate levou-me 160 horas a terminar”, revela. Depois de uma pausa, “dizem que tenho mãos de ouro, mas não gosto de elogios. Faço isto porque gosto.”
As suas obras já foram expostas em várias mostras, a mais recente na Galeria de Arte dos Bombeiros de São Pedro de Sintra, onde apresentou 20 quadros. Guilhermino Dias não sabe quando deixará de pintar, “talvez nunca”. “Apaixonei-me por isto e já não passo um dia sem pintar”, confessa. “E, enquanto puder, vou continuar a pintar as cores de Sintra.”









