Hospital Prof. Dr. Fernando da Fonseca, também conhecido por Amadora-Sintra | Foto: HFF - arquivo

A mulher de 36 anos que morreu no Hospital Amadora-Sintra, que estava grávida de 38 semanas, encontrava-se afinal a ser acompanhada desde julho pela Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) de Agualva, pertencente à Unidade Local de Saúde Amadora-Sintra (ULSASI).

A administração hospitalar confirmou a informação apenas no domingo, justificando o atraso com a “inexistência de um sistema de informação clínica plenamente integrado” que permita o cruzamento automático de dados entre unidades de saúde.

De acordo com a ULSASI, a utente realizou duas consultas de vigilância da gravidez a 14 de julho e a 14 de agosto e foi ainda observada no Hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra) a 17 de setembro e 29 de outubro, dois dias antes da morte.

Em comunicado, o conselho de administração explica que só ao final da tarde de domingo “foi possível verificar” que a mulher estava a ser seguida nos cuidados de saúde primários desde julho de 2025. A informação foi entretanto reportada à ministra da Saúde.

A instituição sublinha que as declarações de Ana Paula Martins no Parlamento, em que a governante afirmou que a grávida não teria tido acompanhamento prévio, basearam-se “no comunicado inicial da ULSASI”, que dizia respeito apenas ao episódio clínico que antecedeu o desfecho fatal, ocorrido a 31 de outubro.

A família da vítima, natural da Guiné-Bissau, já havia garantido em declarações à SIC e à CMTV que a gravidez estava a ser acompanhada pela ULS Amadora-Sintra.

O diretor do serviço de urgência de ginecologia e obstetrícia do hospital, Diogo Bruno, afirmou na sexta-feira, dia do óbito, que a mulher deu entrada em paragem cardiorrespiratória, tendo sido assistida de imediato. Segundo o responsável, dois dias antes, a grávida tinha comparecido a uma consulta de rotina, “assintomática”, onde foi detetada uma hipertensão ligeira. Por precaução, foi encaminhada para a urgência, onde se excluiu a presença de pré-eclâmpsia. Teve alta com indicação para internamento às 39 semanas de gestação.

O Hospital Amadora-Sintra instaurou um inquérito interno para apurar as circunstâncias da morte. Também a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde e a Entidade Reguladora da Saúde anunciaram a abertura de investigações à assistência prestada.

A bebé, nascida através de cesariana de emergência, morreu no sábado, um dia após a morte da mãe.