O sr. José, já não vive num recanto da Rua Capitão Mário Pimentel, junto ao Mercado de Estefânia, em Sintra. Diz que “alguém abençoado”, lhe disponibilizou uma pequena habitação em São Pedro de Sintra. “Era o que eu queria para viver em paz e sem sobressaltos”. “Estou bem e muito feliz”, disse ao Correio de Sintra, com enorme emoção e sentimento de gratidão, este homem, que durante 14 meses viveu naquela rua.
Recorde-se, José José Manuel de Castro Lopes, tinha uma “vida equilibrada”, mas a vida trocou-lhe as voltas aos 74 anos de idade e “sem saber como” acabou a viver na rua. Não gosta da designação “sem abrigo”, que não significa apenas não ter um teto para dormir, mas sobreviver vinte e quatro sobre vinte e quatro horas na rua, sem direito a tudo aquilo que durante toda a sua vida teve com adquirido. Coisas simples e banais. Perdeu também a privacidade e quase a dignidade e a esperança: “São as últimas coisas que ainda tenho”.
O importante é que o José já não vive na rua nem da rua, porque recebeu a ajuda inesperada de uma munícipe, que pediu para não ser identificada. “Foi um caso que muito me sensibilizou. Um caso de vida que pode acontecer a qualquer pessoa, em qualquer momento da vida”, refere a empresária, dizendo-se “muito feliz” com a sua decisão, muito pensada. “O sr. José tem uma pequena casa com tudo o que é necessário, água e luz para viver e ser feliz”, refere.
Emocionado, José também não esconde a sua satisfação. “Estou feliz” e diz não ter encontrado as palavras certas para “melhor dizer obrigado” mostrando-se muito grato por já ter um teto onde dormir e desfrutar da sua privacidade.
Confessa ter saudades de “reencontrar alguns ‘amigos’ que conheceu na rua e que lhe deram a mão durante tantos meses” em momentos de desespero e desamparo. “A essas pessoas também não sei como lhes dizer, obrigado! Acho que a palavra é curta. Para exprimir tudo aquilo que fizeram por mim”. “Tive sorte”, confessa José, que falar de uma “história de final feliz”, que vai guardar para sempre no seu coração. “Obrigado”.
