A Parques de Sintra e a Associação de Proprietários de Quintas da Serra de Sintra formalizaram, um protocolo de colaboração para reforçar a monitorização e o controlo da vespa asiática (Vespa velutina) na Paisagem Cultural de Sintra. O acordo, estabelecido no dia 25 de novembro, permite estender a rede de armadilhas instalada pela empresa pública às propriedades privadas, aumentando a área monitorizada de 460 para 590 hectares.
No âmbito da parceria, a Parques de Sintra disponibiliza gratuitamente as armadilhas aos proprietários e assegura apoio técnico para a sua instalação e utilização. A iniciativa integra a estratégia de combate a esta espécie invasora, responsável pela predação de insetos polinizadores e por desequilíbrios nos ecossistemas locais.
“É um primeiro passo para promover trabalho conjunto e partilha de boas práticas, com vista à salvaguarda do Parque Natural Sintra-Cascais e da Paisagem Cultural de Sintra” — João Sousa Rego

“Temos uma equipa técnica que monitoriza e combate esta espécie nas áreas sob nossa gestão, mas isso não é suficiente, porque estamos inseridos num território de parque natural muito amplo que não se coaduna com limites administrativos”, afirmou o presidente do Conselho de Administração da Parques de Sintra, João Sousa Rego, durante a assinatura do protocolo, lembrando que a entidade atua no terreno desde 2020.
Para o responsável, a colaboração agora estabelecida “é fundamental para uma atuação integrada”, envolvendo parceiros locais, stakeholders e organismos da administração central. “Este protocolo vai muito além do combate à vespa asiática. É um primeiro passo para promover trabalho conjunto e partilha de boas práticas, com vista à salvaguarda do Parque Natural Sintra-Cascais e da Paisagem Cultural de Sintra”, sublinhou.
“Em Sintra enfrentamos diversos riscos e é fundamental trabalharmos em conjunto para mitigá-los. A vespa asiática é uma dessas ameaças” — Rita de Castro Neto
A presidente da Associação de Proprietários de Quintas da Serra de Sintra, Rita de Castro Neto, destacou também a importância da iniciativa. “Em Sintra enfrentamos diversos riscos e é fundamental trabalharmos em conjunto para mitigá-los. A vespa asiática é uma dessas ameaças”, afirmou. Para a responsável, o protocolo “pensa em todos e segue o caminho certo”, refletindo “uma nova dinâmica da Parques de Sintra rumo a uma gestão integrada do território”, considerando que “juntos fazermos este percurso com coragem, ética e confiança, em prol de Sintra.”

Vespa asiática
A assinatura do protocolo incluiu uma sessão de esclarecimento, que contou com a intervenção de Anabela Nave, do INIAV – Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária. A especialista começou por explicar que a vespa asiática foi detetada pela primeira vez na Europa em 2004, em França, e que, em apenas uma década, já colonizou praticamente todo o continente.
Seguidamente, fez uma apresentação detalhada sobre a espécie, a sua disseminação no território nacional e o seu impacto na apicultura, na segurança pública, na produção agrícola e no ambiente/biodiversidade. Anabela Nave sublinhou que esta espécie invasora é predadora das abelhas melíferas, que usa como alimento para as larvas no seu ninho, tendo um impacto enorme não só na apicultura, mas também no equilíbrio dos ecossistemas que são dependentes destes insetos polinizadores.
Abordou, também, o plano de ação nacional para a monitorização e controlo da vespa asiática, realçando que, para já, não existe nenhum isco para a espécie. A inativação de ninhos e a colocação de armadilhas seletivas e sustentáveis, como as que a Parques de Sintra utiliza, são as melhores soluções disponíveis para combater estas invasoras.

Em representação do Serviço Municipal de Proteção Civil de Sintra, Álvaro Terezo e João Marques focaram-se no combate à vespa asiática no concelho e partilharam a sua experiência no que toca aos métodos que têm utilizado para monitorizar, validar e inativar os ninhos.
Em resposta aos múltiplos pedidos que recebem por parte da população, cuja segurança é a sua prioridade, os técnicos inativam uma média de 650 ninhos por ano e têm observado uma grande adaptabilidade da espécie, que tem colonizado espaços urbanos e periurbanos em busca de alimento.

Recorde-se, desde o início de 2025, a rede de armadilhas da Parques de Sintra apanhou cerca de dois mil exemplares de vespa asiática. O Castelo dos Mouros, a Vila Sassetti e o Parque de Monserrate são as áreas que registam maior volume de capturas. O alargamento às propriedades privadas permitirá aumentar este número e tornar o combate mais eficaz.
Fotografia: DR PSML









