“Maceira, Pedra Bruta” é o lema da marcha popular da Sociedade “Os Alegres” de Maceira, na União das Freguesias de Almargem do Bispo, Montelavar e Pêro Pinheiro, que deixa um tributo sentido à tradição local da extração e transformação de pedra natural (marmore, calcário e granito)e à vida das comunidades que moldaram esta herança.
Inspirada no quotidiano do início do século XX, a marcha recriou visualmente a época através de dois figurinos distintos: o masculino, representando o traje de trabalho típico dos homens da indústria da pedra; e o feminino, baseado no traje saloio, evocando as mulheres que cuidavam da casa e levavam o almoço aos maridos nos locais de laboração.
“Procurámos retratar não só o processo de transformação da pedra, mas também a vivência nas aldeias saloias, marcada pelo esforço, sacrifício e cumplicidade entre os que cá trabalhavam e viviam”, explica António José Dias, ensaiador, responsável pela encenação e coreografias.
Mais do que um espetáculo de cor e movimento, a Marcha de Maceira surge como um ato de memória e identidade. “Procuramos prestar homenagem às mulheres e homens que fizeram da pedra o motor da economia local. Sem a pedra da nossa terra, não haveria indústria”, sublinha António Dias.
A componente musical é outro pilar desta evocação histórica. A música e as letras são da autoria do saudoso Manuel Dias Pereira, com colaboração de Sidónio Catalão Dias. “São gente da nossa terra, e isso dá ainda mais força ao nosso desfile. Maceira é isto: mármores e santos populares”, afirma com orgulho António Dias.
A preparação da marcha exigiu um intenso trabalho de bastidores, envolvendo uma equipa dedicada ao guarda-roupa, ensaios, cenografia e construção dos arcos. “Trabalhámos com atenção ao detalhe. Há sempre aspetos a afinar, mas o mais importante é o envolvimento e o espírito de entreajuda que se gera”, revela o responsável.
Apesar das dificuldades, nomeadamente ao nível dos apoios, a motivação da equipa organizadora e os marchantes nunca esmoreceu. “Os obstáculos surgem, mas com união conseguimos sempre ultrapassá-los. O aplauso do público compensa tudo”, afirma Manuel Dias Pereira.
Video de marcha, AQUI.
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